PREFÁCIO
Olhe para si mesmo! É assustador encarar o espelho e perceber que você é apenas mais uma engrenagem em uma máquina gigantesca? A vida é como um jogo, onde os trabalhadores comuns seguem as regras esperando pelo melhor, mas constantemente acabam em um beco sem saída. Eles tentam fazer a coisa certa, mas, no fim, são ferrados pelas circunstâncias da vida. Os trabalhadores comuns estão encurralados: jogam segundo as regras e perdem, porque estão jogando um jogo que não é deles. Você também tentou fazer o certo, mas as cartas claramente não foram distribuídas a seu favor.
Seu trabalho se tornou um processo monótono e rotineiro e, apesar de todos os seus esforços, o sucesso parece algo inatingível. De vez em quando, surgem dúvidas se valeu a pena ser honesto e seguir as normas, quando outros parecem quebrar todas as regras e, ainda assim, alcançar seus objetivos. Você tentou seguir o caminho certo, mas o destino não foi gentil com você. O mundo é impiedoso, e você se vê numa situação em que as velhas regras já não funcionam mais. No entanto, apesar das dificuldades, você continua seguindo em frente — talvez porque exista algo maior dentro de você. Talvez haja uma centelha de criatividade ou sede de mudança na sua alma que o mantém nesse grande caminho. Você percebe que assumir riscos e seguir adiante é o único jeito de revelar todo o seu potencial. Talvez seja justamente sua paixão interior e o desejo por algo maior que o impedem de ficar parado, fazendo-o continuar, mesmo com as cartas desfavoráveis que lhe foram dadas.
Assim, em vez de se tornar prisioneiro das circunstâncias, você usa sua força interior como motivação para uma abordagem corajosa e criativa da vida. Isso pode levar a descobertas inesperadas, novas oportunidades e, quem sabe, à mudança do rumo dos acontecimentos a seu favor. Eu posso te mostrar como conquistar o poder, o dinheiro e o respeito que te foram negados por tanto tempo. Tudo está neste livro: as táticas dos chefes mais poderosos do mundo, que se tornaram donos do próprio destino — um tiro de cada vez. Claro, essa vida não é para todos, mas, seguindo o exemplo deles, você aprenderá a usar suas ferramentas — e ficará rico.
Capítulo I. ARRANJE UM EMPREGO DOS SONHOS
Se eu disser “chefe da máfia”, em quem você pensa? Um chefe da máfia é alguém que sabe como vencer o sistema. Um chefe da máfia é, essencialmente, o CEO de uma organização. Uma grande organização. Muito grande. E eles ganham dinheiro com pás. Quando surgem problemas, eles lidam com eles de várias formas: medo, impiedade, astúcia. Gigantes do mundo do crime, comandando estruturas com um faturamento de 20 bilhões de dólares por ano, sabem o valor das conexões certas e de um portfólio diversificado: extorsão, drogas, jogos de azar, sequestros, fraudes, chantagens, assassinatos.
Antes de se tornar um chefe, é preciso seguir o manual para subir a escada corporativa. Mas poucos subiram tão alto e tão rápido quanto o filho de um cabeleireiro do Brooklyn, que cresceu e se tornou um verdadeiro gângster: Al Capone — gângster americano de origem italiana, atuou nas décadas de 1920–1930 em Chicago. Sob a fachada de lojas de móveis e lavanderias, ele se envolvia com o contrabando de álcool, jogos de azar e prostituição, além de fazer caridade (abriu uma rede de sopões gratuitos para desempregados). Um representante emblemático do crime organizado nos EUA durante a era da Lei Seca e da Grande Depressão, foi influenciado e moldado pela máfia italiana, além de ser o chefe de seu ramo em Chicago. Quando completou trinta anos, ele já era o rei do submundo de Chicago. Controlava um império criminoso gigantesco, com uma receita de 100 milhões de dólares, deixando um rastro de cadáveres na Cidade dos Ventos. E a forma como ele começou será sua primeira lição de autossuperação. Você quer o sucesso que vem com o papel de chefe? Está pronto para começar a construir seu próprio império?
LIÇÃO 1. DESCUBRA O SEU POTENCIAL
Para se tornar um chefe da máfia bem-sucedido, é preciso ter garra e ser ambicioso. É necessário ser inteligente, saber como motivar os outros e, às vezes, assustar as pessoas para que não fiquem relaxadas. Como em qualquer outra atividade, o desenvolvimento dessas habilidades exige prática intensa e uma abordagem focada. Os jovens inclinados ao mundo da máfia buscavam uma forma de alcançar o sucesso. Eles não tinham educação formal, não entraram na faculdade e pensavam: quem vai valorizar suas habilidades em roubo e violência? A resposta vinha imediatamente à mente: era preciso entrar para a máfia. Como se sabe, muitos chefes do crime descobriram seu potencial ainda na juventude. O futuro chefe da máfia de Nova York, John Gotti, foi preso cinco vezes antes dos vinte e um anos de idade e, na infância, quase perdeu os dedos dos pés por causa de uma betoneira que tentou roubar. Foi assim que surgiu seu jeito característico de andar.
O chefe da máfia siciliana, Salvatore Riina, participou de seu primeiro assassinato aos dezoito anos. Ele ajudou a matar um membro do sindicato que havia envergonhado publicamente o chefe de Riina. O fundador do Cartel de Medellín, Pablo Escobar, ainda adolescente, fez sua professora se orgulhar dele vendendo diplomas e boletins escolares falsificados. O jovem Al Capone também se mostrou um aluno talentoso da arte do crime. Ele nasceu em uma família de imigrantes. Primeiro, seu pai chegou ao país, trabalhando como barbeiro. Na Itália, a família produzia macarrão. Al Capone não nasceu em uma família de criminosos — foi a América que o transformou em gângster. Enquanto estudava na escola, tirava boas notas, mas saiu na sexta série, talvez por uma briga com o professor, talvez por tédio e desejo de começar a ganhar dinheiro. Logo, Al encontrou a saída ideal para seu espírito empreendedor.
Um dia, no seu aniversário, seu pai lhe deu algo com que toda criança sonha: um kit para engraxar sapatos. Enquanto esperava clientes, ele notou outra aventura, muito mais lucrativa, sendo conduzida por um bandido local chamado Giuseppe Balsamo (Batista). Giuseppe era o chefe da máfia no início dos anos 1920. Segundo algumas versões, Balsamo era um mafioso de raiz, vindo diretamente da Sicília, e chegou ao Brooklyn em 1895 para organizar a máfia ali. Ele se tornou o primeiro “padrinho” do Brooklyn. Acredita-se que mafiosos famosos da Nova York daquela época, como Giuseppe Morello, Frank Yale e Vito Cascio Ferro, estavam todos sob sua liderança. Mas essa é apenas uma das muitas versões — embora seja a mais confiável.
Batista passava a maior parte de seu tempo lutando contra os irlandeses nos portos, pois desejava desesperadamente controlar aquela área. Ele também era bem-sucedido no ramo da extorsão. O jovem Capone testemunhou uma das ações de Batista e seus comparsas contra um comerciante local. Capone ficou impressionado e inspirado. No dia seguinte, contratou dois de seus primos para ajudarem o negócio a eliminar a concorrência. Al disse ao engraxate da rua ao lado que, se não quisesse problemas, teria que pagar. Aqueles envolvidos com extorsão tinham malandragem de rua. Isso mostra que Al era engenhoso. Ele tinha ambição, ideias e um faro para os negócios — algo essencial na vida criminosa. Mostrar que você tem atitude é uma coisa. Mas você nunca será um chefe da máfia se não souber para onde está indo.
LIÇÃO 2. APRENDA COM OS MELHORES
Por mais inteligente ou forte que você se ache, não vai conseguir ter sucesso no mundo da máfia sozinho. Você vai precisar de um mentor. É importante ter alguém que acredite em você e queira te ensinar, porque você está entrando em um mundo perigoso. Se escolher o lado errado ou se envolver com a pessoa errada — não vai durar muito tempo. Para encontrar um bom mentor, é preciso esforço. Não dá pra simplesmente chegar em alguém e dizer: “Quero ser como você.” Alguém precisa ver algo especial em você. E então, você vai fazer de tudo para provar o seu valor. É assim que funciona. O jovem Al Capone mostrou sua dedicação ao negócio encontrando não apenas um, mas dois mentores no mundo do crime. John Torrio é considerado um gênio do mundo do crime. Sim, ele era um criminoso, quebrava leis, mas era respeitado por seu conhecimento no que fazia. Qualquer garoto nas ruas do Brooklyn, na vizinhança de Capone, sabia quem era John Torrio. Quando Capone o conheceu, Torrio disse que, se ele precisasse de trabalho, era só procurá-lo. No fim, Capone começou a cumprir tarefas para ele: entregava armas em sacolas de papel, recolhia dinheiro em bordéis locais.
Torrio tornou-se uma figura paterna para Capone. O jovem Al aprendeu com ele algumas regras importantes: vista-se com estilo, mantenha a boca fechada e, se quiser se manter no topo, lembre-se — dinheiro é poder. Muitos jovens eram arrogantes, achando que sabiam tudo, mas Capone era humilde o bastante. Quanto ao segundo mentor, ele também tinha muito a ensinar. O principal extorsionista do Brooklyn, Frankie Yale (nome verdadeiro — Francesco Ioele), era um mafioso ítalo-americano de origem calabresa. Ele liderava a máfia do Brooklyn, depois se tornou caporegime da família Masseria e segundo empregador de Al Capone.
Além de Capone, outros que trabalharam sob as ordens de Yale foram Joe Adonis, Anthony Carfano, Albert Anastasia e o infame assassino Willie Alteri, conhecido como “Dois Facas” por seu método preferido de matar. Yale era um homem extremamente violento, um dos mais perigosos de Nova York. O fato de Capone não ter medo dele e querer trabalhar com ele diz muito sobre seu caráter. Frankie ensinou a Capone outro conjunto de habilidades: sempre mostre que está falando sério, ande armado e certifique-se de que sua reputação chegue antes de você. Em 1917, o jovem Al Capone, com 18 anos, trabalhava como segurança no bar de Frankie Yale. Em uma noite de trabalho, ele notou uma jovem chamada Lena, que entrou no bar com seu irmão, Frank Galluccio, e a namorada dele, Maria Tanzio. Durante toda a noite, Capone tentou chamar a atenção da garota, mas ela o ignorava. Quando Lena se preparava para sair, Al disse: “Vou te dizer uma coisa, querida: você tem um traseiro incrível. Pode considerar isso um elogio.”
Lena não recebeu isso como um elogio — e seu irmão, Frank Galluccio, também não. Enfurecido, Galluccio sacou uma faca e atacou Capone. Frank mirou no pescoço, mas, por estar bastante bêbado, acabou atingindo o rosto. Os golpes não foram fatais. Frankie Yale conseguiu intervir e impedir mais derramamento de sangue. Mais tarde, após ouvir os dois lados do conflito, os chefes da máfia de Nova York proibiram Capone de se vingar de Galluccio, explicando que ele mesmo estava errado por ter ofendido a garota. Capone não contestou. No entanto, sua vingança viria depois — Galluccio acabaria se tornando seu subordinado.
Capone foi um bom aluno de seus mentores. Absorvia tudo que lhe ensinavam e aplicava na vida real. O fato de ter Frankie Yale como protetor explica como ele sobreviveu na adolescência. Ele tinha pessoas poderosas ao seu lado. Você já lançou as bases para seu futuro. Agora é hora de começar a traçar seu próprio caminho. Para se destacar da multidão, é preciso provar que você tem espírito de liderança — e nada diz mais sobre isso do que uma ideia de um milhão de dólares.
LIÇÃO 3. CONTA SÓ CONTIGO
Quer chegar ao topo? Você precisa trabalhar duro. Precisa saber ganhar dinheiro, e nada deve atrapalhar sua visão financeira da vida. Aprenda com Al Capone. Al decidiu se mudar para Chicago porque viu ali uma chance de melhorar sua vida. Chicago era uma cidade grande e barulhenta, e ele chegou bem na época da Lei Seca. Após a Primeira Guerra Mundial, as melhores mentes do Congresso decidiram que a América prosperaria se o álcool fosse proibido. No entanto, Capone era cético quanto à sobriedade de seus compatriotas. Ele entendia que muitos não aceitariam essa lei e, então, começou a pensar como um empresário. Poderia virar essa lei a seu favor. Percebeu que poderia ganhar milhões, pois os consumidores precisavam de álcool — e ele poderia fornecê-lo. Nada complicado: a demanda gera a oferta.
A decisão do governo deu início à produção clandestina, chamada de bootlegging. Um bootlegger podia satisfazer qualquer pedido. Se você gostava de uísque, podia vendê-lo como medicamento com receita médica — qualquer bêbado podia conseguir uma garrafa. Havia também métodos mais criativos, como importar o álcool pela fronteira canadense. Para quem preferia algo mais doce, o rum era uma excelente opção — um produto de alta qualidade, vindo de fora diretamente por navio. Mas, para ganhar ainda mais dinheiro, o ideal era apostar na cerveja. Os bootleggers tomavam conta das cervejarias que haviam fechado. E, quando a polícia aparecia, era “convencida” a não se meter. Rótulos criativos eram colados nas garrafas, e o dinheiro começava a fluir como um rio. Mas, se você queria ganhar o máximo possível, precisava transportar de tudo.
Pouco tempo depois de se mudar para Chicago e reencontrar seu antigo mentor, Torrio, Capone concentrou sua atenção na organização do bootlegging. A princípio, ele era apenas um soldado de Torrio. John colocou Capone como segurança de um bordel e, mais tarde, como gerente do “Four Deuces” — um novo prostíbulo que Colosimo havia aberto com a ajuda de Torrio. Com o tempo, Johnny percebeu que Capone não era apenas um bom executor, mas também um excelente homem de negócios, um líder inteligente e carismático. As pessoas podiam trabalhar para ele.
No entanto, no caminho para realizar sua visão criminosa, Capone encontrou um obstáculo. O principal gângster de Chicago e chefe de Torrio, James “Big Jim” Colosimo, era contra a diversificação e expansão do império. Colosimo não queria se envolver com o bootlegging. Ele se contentava com seu restaurante, bordel e cassino. Não queria correr riscos para ganhar mais. Capone não podia deixar uma mente limitada atrapalhar uma grande ideia. Então, ele e Torrio precisaram encontrar uma solução. Em determinado momento, decidiram que era hora de “Big Jim” sair de cena. O que estava em jogo era uma fortuna construída na ilegalidade. Al não podia confiar o assassinato de “Big Jim” a qualquer um. Ele sabia exatamente para quem ligar: seu antigo mentor e ex-chefe, Frankie Yale. Capone resolveu a questão oferecendo a Frankie dez mil dólares — o equivalente hoje a cerca de cento e cinquenta mil. A mando de Capone, Frank entrou no restaurante de Colosimo e se posicionou. Por volta das quatro da tarde, Colosimo chegou para um encontro com um parceiro — que nunca apareceu. Ele se dirigiu ao telefone para saber o motivo da ausência e caiu na armadilha. Frank atirou. “Big Jim” foi atingido na cabeça e morreu na hora.
Isso chocou o submundo do crime em Chicago, e Capone pôde concretizar sua liderança. Nos três anos seguintes, Capone e Torrio assumiram o controle de três grandes cervejarias. Logo ficou claro quem eram os chefes. Eles controlavam um negócio gigantesco. As cervejarias, que antes pertenciam a grandes empresas, agora estavam sob o comando deles. A estratégia de Capone ajudou a transformar a operação de Torrio em um império criminoso que rendia três milhões de dólares por ano — o equivalente a cinquenta milhões atualmente. A eliminação de Colosimo trouxe outra vantagem: John Torrio chegou ao topo da organização criminosa, com Capone logo atrás. Mas, mesmo que você esteja subindo na carreira, isso não significa que vai se tornar o chefe. Então, como garantir esse lugar só para você?
LIÇÃO 4. MOSTRE-SE SEMPRE
Quando você se tornar o chefe da máfia, poderá dar ordens — mas, antes de conseguir uma promoção, terá que demonstrar a qualidade mais importante: lealdade. Faça o seu trabalho. Se disserem: “Vá até lá, faça isso”, então vá e faça. Se disserem para recolher o dinheiro dos jogos de cartas às quintas — você faz isso. Cumpra as ordens. À medida que a chegada inevitável se aproximava, Capone fez de tudo para que seu chefe, Joe Torrio, soubesse de seu apoio. Ele era jovem e ainda estava aprendendo. Estava ganhando dinheiro, mas ainda não era o homem que poderia assumir o comando. No entanto, no mundo do crime, a vida se move rápido. As guerras da cerveja em Chicago foram resultado de disputas entre várias gangues de contrabandistas. A luta por território era intensa. Houve tiroteios marcados por vingança.
A principal área de Capone e Torrio, no sul da cidade, entrou em conflito com seu rival do norte — Dean O’Banion, que também era florista. Dean “Dion” O’Banion — mafioso americano — foi o principal oponente de Johnny Torrio e Al Capone durante as violentas guerras de contrabando em Chicago na década de 1920. Os jornais da época o tornaram mais conhecido como Dion O’Banion, embora ele nunca tenha usado esse nome. Ele liderou a gangue do North Side até 1924, quando foi morto a tiros, supostamente por Frankie Yale, John Scalise e Albert Anselmi.
Dean tentou invadir o território de Torrio, e isso começou a irritá-lo. Como soldado leal, Capone sabia o que fazer e quem chamar. Ele encomendou mais um assassinato ao seu antigo mentor, Frank Yale. Dean estava trabalhando em sua floricultura quando vários homens entraram — ele não os conhecia. Um deles era Frankie. Ele os cumprimentou, e Yale usou o “aperto de mão de Chicago” — agarrou sua mão, puxou-o para perto, apontou a arma para seu abdômen e atirou. Menos uma ameaça. Mas Dean tinha muitos amigos. Após o assassinato de Dean, Al Capone tomou precauções extras e se cercou de guarda-costas. Torrio, por outro lado, não se preocupou. Depois de fazer compras com a esposa, eles estavam voltando para casa, onde foram emboscados pelos amigos de Dean. Atiraram em Torrio cinco vezes, mas ele sobreviveu.
Enquanto Torrio se recuperava, Capone aproveitou a oportunidade para provar sua lealdade — foi até o hospital e ficou ao seu lado, garantindo que ninguém viesse terminar o trabalho. Ele era leal e cuidava de Torrio. A lealdade de Al Capone foi recompensada. Ao sair do hospital, Torrio anunciou sua aposentadoria e disse que estava se mudando para Nova York. Assim, aos 26 anos, Capone se tornou o novo chefe do mundo do crime de Chicago. Após seis anos na Cidade dos Ventos, Al Capone tornou-se o principal chefe de Chicago — mas seu reinado foi curto. Seguindo as instruções do manual, você conseguiu o emprego dos sonhos, revelou seu talento criminoso, aprendeu as lições certas, provou que sabe ganhar dinheiro e se preparou para o sucesso. Mas, quando conseguiu o cargo, rivais invejosos começaram a desejar seu sangue. Se quiser sobreviver à tempestade que se aproxima, a próxima lição do manual vai te ajudar.
LIÇÃO 5. PROTEJA SUA POSIÇÃO
Você chegou ao topo da cadeia alimentar, mas é questão de tempo até que os abutres comecem a circular acima de você. Na rua, todos querem tirar de você o que você tem, e você sempre precisa se defender. A violência é a melhor maneira de fazer isso. Outros chefes novatos certamente concordariam. Dois meses depois de Nicodemo Scarfo se tornar o chefe da máfia da Filadélfia, ele mirou na concorrência da máfia grega, matando seu líder em um restaurante popular no sul da Filadélfia para tomar para si o negócio de drogas dos gregos. Quando o tenente da Yakuza Hiroshi Yamamoto se separou da maior organização criminosa do Japão — a Yamaguchi-gumi — para fundar seu próprio grupo, seu primeiro movimento foi assassinar o rival Masahisa Takenaka, que o impedia de assumir a liderança.
Pequeno Vic, sendo chefe do clã Colombo há apenas um ano, financiou a organização do assassinato de Thomas Asera, acusado de roubar lucros do serviço de saneamento da família. Em 1926, enquanto as “guerras da cerveja” ferviam, mais de quinhentos gângsteres de Chicago foram mortos por seus semelhantes, enquanto concorrentes ambiciosos tentavam sabotar as operações de contrabando de Al Capone. O primeiro ano de Capone como chefe foi uma luta constante pela sobrevivência. Se os concorrentes sentirem sua fraqueza, vão te encontrar e te matar. Vão te espancar até conseguirem o que querem. Mas, quando todo o seu trabalho está em risco, você não pode se calar.
Em 27 de abril de 1927, os contrabandistas rivais Miles e Dion O’Banion tomaram a ousada decisão de passar a noite no território de Capone. Logo, amigos se juntaram a eles. Durante semanas, O’Banion tentou sabotar as vendas de Capone espalhando boatos sobre a baixa qualidade de seu álcool. Quando Capone soube o que estavam fazendo em seu território, decidiu que não deixaria barato. Ele enviou seus homens ao bar e anunciou que a festa havia acabado. Os irmãos ficaram feridos, mas conseguiram escapar. No entanto, um de seus amigos não teve a mesma sorte — assim como o próprio Capone. Ele matou o assistente do promotor distrital McSwiggin. Quando perceberam que haviam matado um promotor, todos entraram em pânico. A tentativa de Capone de proteger sua posição falhou, pois toda a polícia de Chicago queria derrubar o novo chefe. A polícia começou a realizar batidas e a investigar todos os bares da cidade, então Capone desapareceu por um tempo. Ele continuou observando a movimentação da polícia e o crescimento de sua lenda.
Finalmente, Capone decidiu que era hora de sair das sombras e enfrentá-los. Ele convocou uma coletiva de imprensa, voltou a Chicago, subiu os degraus do tribunal e declarou que o assistente do promotor era seu homem — ele o pagava e, portanto, não tinha interesse em sua morte. — Se os policiais quiserem conversar sobre isso, estou à disposição. Os repórteres têm perguntas? Eu sou o chefe aqui, então ficarei feliz em discutir tudo. Capone se declarou abertamente o rei da máfia de Chicago, e, num instante, nasceu a lenda de Al Capone. Foi nesse momento que ele ficou no centro das atenções do país. E lá ele permaneceria por cinco anos sangrentos e gloriosos, até ser preso por algo que o governo dos EUA não tolera: sonegação de impostos.
Cada época gera pessoas que buscam mudar o mundo para melhor — e pessoas igualmente inteligentes e talentosas, mas que preferem, cinicamente, explorar e transformar as fraquezas e falhas da sociedade em vantagem. Um desses anti-heróis foi Alfonso Capone. Sua vida é o sonho americano virado do avesso — ou um quadro de cabeça para baixo, se preferir. Filho de imigrantes italianos pobres, ascendeu ao título de “rei de Chicago”. Na época da Lei Seca, ganhou tanto dinheiro com a produção e importação ilegal de álcool que comprava, no atacado e no varejo, políticos e jornalistas influentes da época.
Naturalmente, o caminho até o topo foi longo e sangrento. Garoto de recados, ladrão de rua, segurança de bordéis duvidosos, extorsionista, cafetão — apenas algumas das “profissões” que Capone exerceu ao longo de sua carreira. Alfonso foi o primeiro a ter a ideia de legalizar os lucros ilegais, mas esqueceu de um detalhe: era preciso pagar impostos. Foram justamente essas habilidades adquiridas que ajudaram Capone a deixar as ruas e alcançar o topo do poder. Talvez você tenha que construir sua fortuna sem o brilhantismo do timing dele. E, para isso, você vai precisar de um plano de negócios de aço. Um ano que revolucione o setor e te ajude a criar um império. No próximo capítulo, o magnata da heroína Frank Lucas mostrará que existem várias maneiras de entrar para a lista da Forbes. Pronto para fazer dinheiro de verdade?
Capítulo II. OTIMIZE SEUS FLUXOS DE TRABALHO
Seguindo as primeiras lições do manual, você percorreu o caminho desde o fundo do poço até a cobertura do chefe da máfia. Agora é hora de pensar no lucro. Neste mundo frio e implacável, a moralidade às vezes parece um luxo desnecessário. Os negócios são frequentemente vistos como um jogo cruel, onde princípios e padrões éticos ficam em segundo plano. Muitos afirmam que, na busca pelo lucro máximo, é preciso estar disposto a fazer certos compromissos.
Você entende que o simples desejo não é combustível suficiente para o sucesso financeiro. Sem concessões, sem disposição para assumir riscos e, às vezes, ignorar os aspectos morais, é difícil alcançar o rendimento máximo. Talvez você esteja diante de um dilema — manter-se fiel às suas convicções e ter oportunidades limitadas, ou adotar uma abordagem dura nos negócios para maximizar seus lucros. Essa escolha não é apenas uma questão financeira, mas uma luta interna entre ambição e moralidade. Talvez você decida que é importante encontrar um equilíbrio entre atingir metas materiais e preservar os valores humanos, mas isso exige habilidade para navegar em um mundo complicado, onde negócios e ética nem sempre caminham juntos.
No entanto, este livro não trata de moralidade. Traficar drogas ou administrar um bordel é, obviamente, errado, mas vamos olhar por outro ângulo — isso também é um negócio, e aqui é preciso agarrar o dinheiro com as duas mãos. Você não vai alcançar o lucro máximo apenas com vontade. É absolutamente essencial que o chefe da máfia tenha um plano de negócios. Sem plano, todo o sistema desmorona. Mas se, além dos músculos, você também usar a cabeça, vai superar seus concorrentes e se tornar o CEO do mundo do crime dos seus sonhos. Como aquele cara — o magnata da heroína do Harlem, Frank Lucas. A estratégia revolucionária de Lucas virou o narcotráfico de Nova York de cabeça para baixo. Ele criou sua própria cadeia de suprimentos que rendia mais de um milhão de dólares por dia. Siga o mais novo plano de negócios de Frank — e então você pode ter certeza de que seus crimes valerão a pena.
LIÇÃO 6. MELHORE SEUS PROCESSOS
Frank Lucas criou um império internacional multimilionário de heroína do zero antes de completar quarenta anos. Seu objetivo era ganhar muito dinheiro vendendo heroína. Mas antes que você decida seguir o caminho de Frank até o topo, tire uma lição da história dele.
Fato 1. Confronto com a violência. Desde jovem, Lucas entendeu que a vida estava contra ele. Frank Lucas nasceu na Carolina do Norte durante a Grande Depressão. Na Carolina do Norte segregada, não havia oportunidades: você não podia garantir uma vida decente ou cuidar da sua família. Membros da Ku Klux Klan mataram seu primo bem na frente dele. Enfiaram uma arma na boca dele e estouraram seus miolos. Às vezes, algo acontece na vida que muda tudo — absolutamente tudo. No fim, Lucas se mudou para Nova York. O problema era que ele era analfabeto: não podia trabalhar como entregador de jornal, não podia fazer nada! A única forma de sobreviver era se envolver com algo ilegal — aí sim, ele seria aceito. Foi assim que Frank Lucas começou a vender drogas.
Fato 2. Mentoria. Lucas teve um mentor influente — Ellsworth Raymond “Bumpy” Johnson, um gângster afro-americano e figura criminosa que comandava o Harlem no século XX. O apelido “Bumpy” (acidentado) veio de um inchaço na parte de trás da cabeça. Bumpy era o gângster negro mais respeitado da cidade, e para Frank, ele foi como um pai. Lucas trabalhou com Bumpy por muitos anos — mais precisamente, trinta anos, oito meses e trinta dias. Ele era grato a ele por cada centavo, e sempre deixava isso claro. Quando Bumpy morreu, Frank entrou para o tráfico de drogas. Ele fez isso porque acreditava que ali estava o maior lucro possível.
Fato 3. Negócio de família. O negócio de Frank era familiar. Dos sete filhos, ele era o mais velho. Se ele pedisse aos irmãos para fazerem algo, eles faziam! Lucas conseguiu manter o controle de seu negócio crescente graças aos seus irmãos, em quem confiava e tornou ricos. Frank dizia: “Sempre esteja com a família” — ele colocou isso na cabeça. Frank tinha uma carreira promissora e uma equipe leal que o ajudou a construir seu império. Mas isso não significava que todos respeitavam sua autoridade. Quando você começa o seu próprio negócio, como provar a todos que você tem o que é preciso?
LIÇÃO 7. GANHE REPUTAÇÃO
Para um chefe da máfia, a única maneira de garantir o sucesso nos negócios é mostrar imediatamente o que acontece com aqueles que se colocam em seu caminho. Você precisa se estabelecer como um líder implacável. O tráfico de drogas é um negócio complicado, onde reputação e autoridade nas ruas são cruciais. Se você demonstrar fraqueza como chefe da máfia, não vai durar muito. Esses caras sabiam como impor respeito logo de cara. Logo após assumir o controle da gangue de Boston, Whitey Bulger supostamente decidiu ameaçar os demais, matando Louis Litif — um antigo aliado que desobedeceu suas ordens. Seu corpo foi encontrado mutilado no porta-malas de um carro. Albert Anastasia, chefe da família Gambino (1951–1957), uma das cinco famílias mafiosas que “controlavam” Nova York, tinha o apelido de “Chapeleiro Louco”. Ele foi membro da organização criminosa Corporação dos Assassinatos, também conhecida como “Os Rapazes de Brownsville”, especializada em assassinatos por encomenda. Albert iniciou seu reinado supostamente mandando matar um vendedor chamado Arnold Schuster, que entrou na lista negra por ajudar a polícia a capturar um famoso fugitivo. Quando Griselda Blanco começou a vender cocaína em Miami, ela criou uma tática assustadora para manter seus rivais sob controle: contratou assassinos de moto, que realizavam execuções em plena rua, geralmente à luz do dia.
Logo depois que Frank Lucas assumiu o comando do comércio de heroína no Harlem, ele também foi colocado à prova. Quando você está no topo, sempre haverá alguém por perto dizendo: “Sabe de uma coisa? Eu sou melhor do que esse cara, talvez eu devesse ser o chefe.” Nunca deixe esse tipo de desobediência sem resposta. Nos anos 60, o homem mais temido do Harlem era Tango — um brutamontes de quase dois metros de altura, temido por todos. Tango era um vendedor independente de heroína, conhecido por enganar seus fornecedores. Isso era algo que o novo chefe, Frank Lucas, não podia permitir. Ele viu uma oportunidade de mostrar quem mandava e derrubar o grandalhão.
Quando soube que Tango queria mais mercadoria, forneceu a ele um quilo de heroína, já sabendo que ele tentaria passar a perna também nele. Duas semanas depois, Frank foi cobrar o dinheiro. Tango não decepcionou — recusou-se a pagar. Pior ainda, atacou Frank verbalmente, insultando sua honra e a honra de sua mãe. Uma multidão se formou — exatamente o que Frank esperava. Ele sacou uma arma. Bala na testa — corpo no caixão. Mensagem recebida! Frank sabia: precisava mostrar que era um chefe capaz não apenas de colocar o dedo no gatilho, mas também de puxá-lo. É esse tipo de reputação que leva ao sucesso. E sim, seu poder como chefe da máfia pode abrir portas, mas é o seu cérebro que vai trazer o dinheiro. Comece com a regra que qualquer empresário sábio deve seguir: não pague ao intermediário.
LIÇÃO 8. LIVRE-SE DO INTERMEDIÁRIO
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